Anitta não venceu, as mulheres no funk venceram
- Tamiris Coutinho
- 20 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 31 de jan. de 2024
Sem dúvidas, a inclusão do funk brasileiro na categoria de música urbana do Grammy Latino vai marcar, na minha opinião, uma nova fase para o movimento funk - mas não é sobre minhas “previsões” que quero falar hoje, quero falar sobre rivalidade feminina.
Em meio ao fervor da comemoração acerca do reconhecimento do funk brasileiro como manifestação de música urbana no prêmio, rolaram diversas tentativas de colocar uma mulher contra a outra. Os fãs que deveriam ajudar no processo de valorização, são os que mais disseminam a competição feminina entre as artistas.

Foto reprodução @portalpopline
O movimento funk já precisa lutar contra tantos preconceitos, de classe, de raça, entre outros. Quando focado na manifestação das mulheres no gênero, esses preconceitos se unem a ideologia patriarcal e suas expressões machistas. Não podemos gastar nossa energia “brigando” entre nós mesmas. Precisamos nos valorizar e entender que todas à sua maneira constroem o funk diariamente.
Inclusive, essa foi uma das questões principais que quis evidenciar no meu trabalho. Por isso, trago no meu livro “das minas disposição até as faixas rosa”, dos anos 90 até os dias atuais, a proposta de quatro gerações do funk feminino e a importância de algumas MCS de cada período para a evolução e manutenção da mulher no funk.
De MC Cacau, Dandara e Deize, passando por Valesca, Tati e MC Sabrina até MC Carol, Rebecca, Ludmilla, Lexa e Anitta, todas são fundamentais nesse processo e precisam ser respeitadas e estar unidas. E não somente elas que já estão na graça do mainstream, mas todas que estão começando suas carreiras, cantando nos bailes e buscando o reconhecimento nacional/internacional: precisamos seguir juntas.
Para mim, que fez um trabalho analisando o funk com potência do empoderamento feminino, ver nosso funk sendo representado tão bem por mulheres como a Anitta, me deixa extremamente feliz, por isso também tenho que destacar: a Anitta não venceu, as mulheres no funk venceram. E quanto mais unidas estiverem, mais vão conseguir vencer. Afinal, empoderamento feminino é isso.
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Fontes: Portal PopLine
Tamiris Coutinho
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Comunicação na Universidade Federal Fluminense (UFF), vinculada ao Laboratório de Pesquisa em Culturas Urbanas e Tecnologias (Labcult), pesquisando a cena do trap no Rio de Janeiro.
Autora de "Cai de boca no meu b*c3t@o: o funk como potência do empoderamento feminino. Graduada em Relações Públicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com formação em Música e Negócios pelo Instituto Gêneses da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO).
Label manager atuando no planejamento e operação de lançamentos musicais digitais.
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