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Comemorar 15 segundos de funk em apresentação no Grammy? Sim! E sem vergonha.

  • Foto do escritor: Tamiris Coutinho
    Tamiris Coutinho
  • 15 de mar. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 31 de jan. de 2024

Na noite do último domingo (14/3), ocorreu a premiação do Grammy Awards, maior premiação de música dos Estados Unidos. Além da ansiedade para saber os ganhadores das categorias, há também a ansiedade para assistir as apresentações musicais. Todos atentos para conferir as performances icônicas de artistas como Doja Cat, Dua Lipa, Megan Thee Stallion e Cardi B - todas maravilhosas por sinal. Cardi B e Megan Stallion, inclusive, fizeram uma apresentação de WAP que contou com um inusitado remix de funk, produzido por Pedro Sampaio (Pe - dro - Sam - pai - o, vai!).


Imagino que a Diva Cardi previu como os brasileiros iriam ficar surpresos e eufóricos ao vê-la homenageando nosso batidão. O que eu acredito que ela não deva ter imaginado, é que sua apresentação seria estopim para uma "treta digital". Isso tudo porque um famoso produtor proferiu algumas declarações acerca da presença do funk em sua apresentação, tais quais:"O barulho que fizeram por causa de 15 segundos de funk na apresentação de Cardi B me deixa com vergonha" e "Precisamos exportar música boa". Claro que esse posicionamento não passaria batido. Artistas como Luísa Sonza, Lexa, MC Drika e Anitta saíram em defesa do gênero musical.


Como é decepcionante ver uma pessoa que é influente no music business, responsável pelo desenvolvimento de vários artistas e hits, dar uma declaração a fim de diminuir e menosprezar um ritmo musical. Eu que fiz um TCC sobre funk, estudo funk e estou envolvida em projetos para fortalecimento do funk fiquei realmente triste. Sim, triste.


Está tudo bem você não gostar do funk, ninguém é obrigado a gostar de todos os gêneros musicais ou concordar com 100% de suas expressões, mas o que não deve deixar de existir é o RESPEITO. Respeito por aqueles que trabalham, se expressam e vivem através da música. Sabemos que com o funk tudo é mais difícil, e não vou adentrar nos aspectos - vulgo "preconceitos" - que fortalecem essas dificuldades, mas quero enfatizar "até quando vamos comparar e colocar em posição de superioridade uma manifestação cultural em relação a outra, um gênero musical em relação a outro?"


A pluralidade musical do nosso Brasil é riquíssima, é potente. E cada manifestação musical ao subir um degrau, a conquistar mais espaço deve ser enaltecida por nós. Importamos tantas músicas e influências boas, por que não se orgulhar quando acontece o contrário? Foram "15 segundos de fama" para o funk, mas poderia ser para o samba, maracatu, arrocha, pagodão. Não importa, deveríamos ficar todos felizes pelo reconhecimento.

Que os "relíquias" do music business possam rever seus conceitos, e que a nova geração de profissionais da música (me incluindo com orgulho nessa parcela) possa ter um olhar cada vez mais democrático, inclusivo e plural. Afinal, precisamos exportar - ou melhor dizendo - continuar a exportar música boa.



 

Mestranda do Programa de Pós Graduação em Comunicação na Universidade Federal Fluminense (UFF), vinculada ao Laboratório de Pesquisa em Culturas Urbanas e Tecnologias (Labcult), pesquisando a cena do trap no Rio de Janeiro.

Autora de "Cai de boca no meu b*c3t@o: o funk como potência do empoderamento feminino. Graduada em Relações Públicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com formação em Música e Negócios pelo Instituto Gêneses da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO).

Label manager atuando no planejamento e operação de lançamentos musicais digitais.

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