Funk e dancinha de TikTok no Congresso Musiludens - "Tubarão, te amo; Falcão, te amo: a ludicidade nas dancinhas do TikTok e a nova categoria de jogos de dança"
- Tamiris Coutinho
- 21 de abr. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 1 de fev. de 2024
Aconteceu nos dias 19 e 21 de abril de 2023, no Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense, o musiLudens: I Congresso Internacional em Mídia, Música e Ludicidade.
Na ocasião, apresentei o resumo expandido "Tubarão, te amo; Falcão, te amo: a ludicidade nas dancinhas do TikTok e a nova categoria de jogos de dança".
O objetivo do trabalho é compreender a ludicidade da ciberdança no TikTok a partir das dancinhas e do desenvolvimento dos challenges como uma nova categoria de jogos de dança. Para isso, propus a análise de quatro fluxos de difusão da ciberdança que parte de dentro para fora da rede social, podendo retornar para mesma.
Para tal compreensão, utilizei as perspectivas teóricas da cibercultura (LEVY, 1997 e PEREIRA DE SÁ, 2014) e da Teoria Ator-Rede (LATOUR, 2012).
A música viral "Tubarão Te Amo" (Ryan SP, MC Daniel, MC RF, MC Jhenny, Tchakabum e DJ LK da Escócia), foi o ponto de partida visto sua relevância no meio digital. Só para exemplificar, no TikTok, possuem mais de 1 milhão de vídeos publicados com a canção. No vídeo oficial no Youtube são mais de 25.137.077 visualizações. Já no Spotify, cerca de 71.615.278 reproduções.
A repercussão da música foi tanta que ela atingiu o 3º lugar nas paradas virais do Spotify nos Estados Unidos e sua coreografia chegou a ser feita pela American Ballet Theatre, uma das maiores companhias de balé do mundo.
Nesse cenário, o poder de reverberação do TikTok foi fundamental. O TikTok pertence a ByteDance, empresa chinesa de tecnologia, fundada por Zhang Yiming em 2012. Ela está presente entre as dez redes sociais mais acessadas no mundo e sua popularização se deu a partir de 2019, devido, principalmente, ao período de isolamento social da pandemia de Covid-19.
No Tiktok, que é uma ferramenta gratuita para upload e produção de vídeos de no máximo 60 segundos, os vídeos de dança são marca registrada.
Funk, trap e piseiro são os que mais fazem sucesso entre os TikTokers. Por serem animados, dançantes e com versos repetitivos, os gêneros facilitam a criação, desenvolvimento e disseminação das danças na rede. Nessa perspectiva, o trabalho propôs o seguinte fluxo de difusão da ciberdança a partir da atuação na rede social:
Fluxo 1 - Tiktokers criam e/ou disseminam as dancinhas
Fluxo 2 - Usuários anônimos que copiam as dancinhas dos TikTokers
Fluxo 3 - As dancinhas da rede social passam para o presencial
Fluxo 4 - Ao serem feitas no presencial e registradas pelo celular, challenge retorna para a
rede social.

Parte da apresentação utilizada no I musiludens em 22/04/2023
A partir da proposta de quatro fluxos de ciberdança no TikTok, o trabalho buscou destacar:
Como os usuários e a ascensão da rede social possibilitam uma nova forma de jogo de dança
Como as dancinhas são instrumentos lúdicos de competição das batalha/challenges
Como a música atua como plano de fundo das batalha/challenges
Como a rede social e os espaços presenciais são a arena
Como os usuários dentro dessa arena, são os jogadores.
Para muitos, esse fluxo pode ser visto como "bobeira de rede social", mas, na verdade, é uma dinâmica que tem afetado diretamente na maneira como, principalmente crianças, atualizaram suas formas lúdicas de brincar.
E você? Já tinha parado para pensar nisso? Participa desse fluxo de alguma forma?
Sobre o musiludens: https://musiludens.medialudens.cc/
Tamiris Coutinho
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Comunicação na Universidade Federal Fluminense (UFF), vinculada ao Laboratório de Pesquisa em Culturas Urbanas e Tecnologias (Labcult), pesquisando a cena do trap no Rio de Janeiro.
Autora de "Cai de boca no meu b*c3t@o: o funk como potência do empoderamento feminino. Graduada em Relações Públicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com formação em Música e Negócios pelo Instituto Gêneses da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO).
Label manager atuando no planejamento e operação de lançamentos musicais digitais.
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